E agora? Tenho endometriose?

“Fiz um exame de ressonância magnética da pelve e no laudo veio uma lesão que pode sugerir endometriose! O que faço agora?”

Não é incomum vir ao consultório pacientes nessa situação. Por muito tempo, o diagnóstico de endometriose foi realizado tardiamente, com um atraso de até dois anos entre a mulher procurar o ginecologista e o diagnóstico ser realizado.

Atualmente, com uma maior disponibilidade e acurácia dos exames de imagem, como a ressonância magnética da pelve e o ultrassom transvaginal com preparo intestinal, o tempo decorrido até chegar ao diagnóstico vem sendo encurtado.

Os médicos radiologistas se especializam no mapeamento de endometriose, para oferecer uma melhor análise descritivas das imagens. Contribuindo não só para um diagnóstico mais correto e precoce quanto para auxiliar o cirurgião ginecologista no planejamento em casos cirúrgicos. 

HPV na boca e gargantaExame de endometriose

Exame de endometriose

O diagnóstico e os sintomas da endometriose

O diagnóstico de endometriose começa com a suspeita clínica diante de uma mulher que sofre com intensas cólicas durante o período menstrual. E essas cólicas vão piorando ao longo do tempo, tornando-se mais intensas, depois ocorrendo fora do período menstrual e incapacitando a mulher de viver sua rotina.

Sintomas gastrointestinais como sangramento nas fezes e dor ao evacuar podem estar associados. A dispareunia de profundidade, que é a dor na relação sexual à penetração profunda, também. Pode haver sintomas urinários como urgência miccional e dor ao urinar. E estima-se que 30-50% das pacientes com endometriose têm infertilidade.

Mas voltemos as cólicas, que geralmente são o primeiro sintoma a surgir e a causa pela qual as pacientes buscam o ginecologista. Nem todas as cólicas são causadas por endometriose. A dismenorreia primária, que é a cólica usual que sentimos no período menstrual devido a contratilidade uterina, é a principal causa de cólica. Outros exemplos seriam a doença inflamatória intestinal, fibromialgia e cistite intersticial. A dificuldade do ginecologista é conseguir diferenciar bem essas entidades.

Diante de um quadro de cólica, o ginecologista solicita uma ressonância ou ultrassom para mapeamento de endometriose. Hoje esses exames são muito mais acessíveis e disponíveis. Há uma tentativa de obter um diagnóstico precoce da endometriose ou de diferenciá-la de outras causas de cólicas. Mesmo nem sempre sendo possível essa diferenciação.

Achados de imagem comuns da endometriose pélvica profunda incluem implantes infiltrativos, lesões sólidas profundas e endometriose visceral envolvendo as paredes retal e visceral. Pequenos focos de endometriose superficial e infiltrativos podem não ser visualizados.

A endometriose nos ovários, os endometriomas, devem ser avaliados quanto ao aspecto, tamanho e quantidade. O sinal de “Kissing Ovaries” sugere aderências pélvicas severas, com retração dos ovários que se unem na região de fundo de saco de Douglas, geralmente aderidos também ao útero e intestino.

Menor mobilidade do útero e anexos no exame de ultrassom sugerem aderências pélvicas.

É comum o acometimento pela endometriose de estruturas como ligamentos úterossacros, região retrocervical, ligamentos largos e rendondos, bexiga, parede anterior do reto, peritônio parietal. As lesões aparecem nos exames de imagem descritas como hipoecogênicas no ultrassom ou com baixo sinal em T2 na ressonância.

Entretanto, fora de contexto clínico, pequenas lesões podem ser indicativas de endometriose, mas também podem ser achados inespecíficos.

Na conclusão do laudo, o radiologista escreve as suas hipóteses, dentre elas: “Suspeita de endometriose. A critério, correlacionar com o quadro clínico”.

Cabe então ao ginecologista saber interpretar os achados dos exames de imagem e correlacionar com a clínica que aquela mulher está trazendo, a fim de trazer um tratamento adequado.

Deve-se ter o cuidado com o “overdiagnosis”, em que todas as cólicas são consideradas endometriose e todos os achados de imagem são sugestivos de endometriose. Isso por vezes acaba estigmatizando muitas mulheres, dificultando o diagnóstico diferencial correto e atrapalhando no seu tratamento.

O diagnóstico definitivo de endometriose só é possível com o estudo histopatológico da lesão. Ou seja, só após a realização de uma cirurgia, com retirada de uma lesão e estudo das células é que podemos concluir que de fato é endometriose. Como nem todos os casos são cirúrgicos,  o primeiro passo é associar informações clínicas com exames de imagem complementares. Mas não basta solicitar o exame, é preciso interpretá-lo e individualizá-lo de acordo com o que cada paciente apresenta, a fim de um diagnóstico e tratamento mais adequados.

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Se você tem endometriose ou acha que possa ter endometriose, agende uma consulta com a Dra Carolina Lemos, ginecologista especialista em endometriose e cirurgias minimamente invasivas.



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