
Estou com HPV! Fui traída?
O papilomavirus humano (HPV) são DNA vírus que se hospedam nas células do epitélio. Existem mais de 200 subtipos de HPV conhecidos. Devemos nos preocupar com o HPV, pois 99,7% dos casos de câncer de colo de útero em mulheres está relacionado à ele.(1)
A realização de exames moleculares para pesquisa de HPV (polymerase chain reaction - PCR; captura híbrida) em colo uterino e vaginal vem se tornando rotina nos exames ginecológicos. Esses exames podem ser solicitados sozinhos ou serem complementares ao Papanicolau (coteste e teste reflexo).
Com a realização desses exames, a detecção de HPV tem sido mais comum. E as dúvidas sobre “como peguei HPV?”; “fui traída?”; “como curar o HPV?” se tornaram frequentes no consultório.
A infecção pelo HPV atinge 54,4% das mulheres que já iniciaram a vida sexual e 41,6% dos homens.(2) E cerca de 70% a 80% dos homens e mulheres sexualmente ativos adquirirem HPV em algum tempo de suas vidas.(3) O HPV é transmitido através do contato, inclusive o contato via sexual. Uma vez que houve exposição ao vírus, pode haver a infecção.
Como saber como peguei HPV?
Quando ocorre a infecção, os exames para pesquisa de HPV positivam. Alguns exames conseguem até mostrar qual o subtipo de HPV foi detectado. E a partir daí existem três caminhos que o vírus pode seguir:
- O sistema imune com o tempo pode combater esse HPV, o que chamamos de clareamento do vírus, e o teste HPV volta a ficar negativo.
- a maioria das infecções por HPV se resolvem dentro de 12 meses! Principalmente em mulheres jovens abaixo dos 25 anos.
- O vírus pode se manter ativo e com o tempo causar alterações celulares, que se não detectados e tratados precocemente podem levar ao câncer de colo de útero.
- O vírus pode entrar em latência. Ou seja, ele continua ali na célula do hospedeiro, sem causar danos. Nesses casos o teste HPV é negativo. Pode ficar anos em estado latente e vir a reativar em algum momento, principalmente se houver uma queda da imunidade, tornando o teste positivo novamente.
O processo entre a exposição sexual ao HPV e a sua manifestação, seja através do teste de HPV, verrugas ou alterações de Papanicolau e colposcopia, pode levar de meses a anos, não sendo possível então sabermos quando de fato houve contato da mulher com o vírus.
Logo, uma vez que seu exame detectou o HPV, não quer dizer que houve contato recente com o vírus e, portanto, não significa que houve traição de nenhuma das partes. Uma relação sexual antiga pode ter sido a responsável pela transmissão, mas só agora você ficou sabendo. É quase impossível de sabermos qual a relação que causou a transmissão.
Como curar o HPV?
Como vimos, a grande maioria das mulheres adquirem HPV durante a vida. O importante não se trata de curar o HPV, mas de previnir a transmissão e de fazer um acompanhamento adequado. Portanto as dicas são:
- Fazer o acompanhamento ginecológico adequado e detectar o mais precocemente caso esse HPV venha a causar alterações nas células do colo do útero.
- A camisinha oferece proteção contra o HPV. Entretanto, em áreas descobertas pelo preservativo pode ocorrer a transmissão.
- É importante também que as pessoas se vacinem contra o HPV. Hoje em dia temos disponível no Brasil as vacinas quadrivalente e nonavalente contra o HPV, conferindo proteção contra quatro e nove subtipos de HPV, respectivamente. Esta é uma vacina extremamente importante no combate ao câncer de colo de útero.
Se tem alguma dúvida sobre HPV ou deseja fazer seu acompanhamento ginecológico adequado, agenda uma consulta com a Dra Carolina Lemos, ginecologista especialista em patologia genital.
Referências:
1. Bosch FX, de Sanjosé S. The epidemiology of human papillomavirus infection and cervical cancer. Dis Markers. 2007;23(4):213-27.
2. Associação Hospitalar Moinhos de Vento. Estudo Epidemiológico sobre a Prevalência Nacional de Infecção pelo HPV (POP-Brasil): Resultados preliminares. Porto Alegre: Associação Hospitalar Moinhos de Vento; 2017. p. 120.
3. Plummer M, de Martel C, Vignat J, Ferlay J, Bray F, Franceschi S. Global burden of cancers attributable to infections in 2012: a synthetic analysis. Lancet Glob Health. 2016;4(9):e609-16.
DRA CAROLINA LEMOS
Ginecologista em São Paulo - SP
Dra. Carolina Lemos é uma ginecologista e obstetra que valoriza confiança e informação. Sua abordagem leve e acolhedora transforma consultas em ambientes agradáveis. Especialista em cirurgia minimamente invasiva, foca em cuidados personalizados para a saúde feminina.
CRM SP 204509 - RQE 108607
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