
Como saber se o meu “corrimento vaginal” é normal?
É muito comum a queixa de “corrimento vaginal” na consulta ginecológica de rotina. As vezes esses corrimentos alterados podem indicar alguma infecção. Outras vezes pode ser haver uma variação das características, mas que estão de acordo com o esperado para o ciclo menstrual ou para a fase da vida.
A calcinha da mulher nunca vai estar seca. A vagina produz secreção o tempo todo e essa produção varia de acordo com a influência hormonal. Para as mulheres que estão na fase reprodutiva, passem a perceber as alterações cíclicas do seu muco vaginal: perto da ovulação, ali entre o 10-14 dia do ciclo menstrual, ele fica mais transparente e mais filante (aspecto de clara de ovo). Já perto da menstruação vir, ele se torna mais opaco e mais espesso.
A gestante produz um muco mais grosso e espesso, que serve como proteção para evitar a ascensão de microrganismos para o útero. No terceiro trimestre há uma produção aumentada de secreção vaginal. É o corpo já preparando o canal de parto, umedecendo a vagina para facilitar a passagem do bebê.
Na menopausa, com a queda dos níveis hormonais a secreção vaginal se torna mais escassa. Deixando o ambiente vaginal mais seco.
Cheiros íntimos fortes também são muito relatados! Lembrando que a região íntima possui glândulas sebáceas que produzem secreções para manter a lubrificação e uma barreira natural da pele. A vulva então adquire um odor próprio.
Diante de corrimentos associados a coceira importante, odor desagradável, coloração amarelada ou dor pélvica, é preciso passar em consulta com um ginecologista. Nesses casos pode haver uma infecção genital que precise de tratamento.
Entre as infecções genitais mais prevalentes entre as mulheres, e que a maioria de nós irá se queixar ao longo da vida, estão a candidíase vulvovaginal e a vaginose bacteriana.
Candidíase Vulvovaginal
Causado pelo fungo Candida sp., a candidíase vulvovaginal costuma incomodar muitas mulheres. Marcado por um quadro de corrimento grumoso, que parece leite coalhado, é associado a intensa coceira vulvovaginal, que é bem desconfortável.
A Candida sp. está presente na maioria das floras vaginais e é capaz de viver em equilíbrio com o nosso organismo. Entretanto em situações de baixa imunidade, estresse, uso de medicamentos, alterações hormonais, o fungo se prolifera e causa um desequilíbrio da flora tornando-se uma infecção. A suspeita de um episódio de candidíase é realizada através dos achados de coceira intensa e desconfortável, corrimento grumoso e aderido em paredes vaginais, vermelhidão nas paredes vaginais e vulva. Com a análise da secreção vaginal no microscópio, em exame a fresco ou com coloração de Gram, conseguimos identificar elementos micóticos que confirmam o diagnóstico de candidíase.
O quadro deve ser tratado com antifúngicos orais ou cremes vaginais conforme a prescrição médica. Um controle microscópico pode ser realizado após o tratamento.
A candidíase de repetição, aquela que ocorre com mais de 4 episódios ao ano, tem se tornado um grande inconveniente para as mulheres. O sistema imunológico desenvolve uma reação inflamatória exagerada ao quadro infeccioso e uma hipersensibilidade a produtos vaginais, sêmen e a própria Candida. Pequenas alterações da flora não conseguem voltar ao equilíbrio e causa um quadro de candidíase. Muitas vezes o quadro de candidíase é mais exacerbado do que numa pessoa que não lida com a candidíase recorrente. Nesses casos, o acompanhamento com o ginecologista é imprescindível para controle do quadro e realização de um tratamento supressivo com antifúngicos.
Vaginose Bacteriana
A vaginose é causada pela substituição dos lactobacilos da flora vaginal por um core de bactérias Gram negativas: Gardnerella vaginalis., Megasphera sp., Atopobium sp., Leptotrichia / Sneathia sp.,Mobiluncusspp.
É marcada por um corrimento acinzentado e um cheiro desagradável, que dizemos parecer de peixe podre. Esse cheiro é causado pela volatização de aminas quando em contato com um meio alcalino, como por exemplo o sêmen. Por isso, é comum que as pacientes se queixem de um odor mais forte após as relações sexuais.
O diagnóstico, assim como na candidíase, se dá pelos sintomas descritos pela paciente, avaliação do corrimento no exame especular e avaliação da secreção no microscópio pelo exame a fresco e coloração de Gram. No exame microscópico um achado característico são as chamadas Clue Cells, em que as células epiteliais ficam cercadas de bactérias Gram negativas.
A vaginose bacteriana pode levar a uma série de complicações como endometrite, doença inflamatória pélvica, infertilidade. Na gestação, pode levar a complicações como parto prematuro, rotura prematura de membrana amniótica, abortamento. Estudos recentes mostram sua associação com HPV, dificultando o clareamento do vírus, promovendo uma disbiose que favorece a carcinogênese.
O tratamento adequado é imprescindível e realizado com antibióticos orais ou cremes vaginais, de acordo com a orientação médica.
Se mesmo após ler esse post, você acha que o seu corrimento não está normal, procure um ginecologista para uma melhor avaliação.
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DRA CAROLINA LEMOS
Ginecologista em São Paulo - SP
Dra. Carolina Lemos é uma ginecologista e obstetra que valoriza confiança e informação. Sua abordagem leve e acolhedora transforma consultas em ambientes agradáveis. Especialista em cirurgia minimamente invasiva, foca em cuidados personalizados para a saúde feminina.
CRM SP 204509 - RQE 108607
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